Fechadura sem chave
é meio de espionagem.
De um lado há o vazio
da sala de almoço,
Do outro está o olho
da menina em alvoroço.
Ela escuta um barulho:
“Abre a porta! Socorro!”
Alguém arrasta o chinelo:
“Passa a chave por baixo!”,
diz a voz da cozinheira.
E a mão forte, enorme
Desfaz em um clique
A barreira entre quem dorme
E quem sonha a noite inteira.