Veloz e voraz
o beija-flor
furta cor,
sorve néctar,
voa no vidro,
à janela jaz
e a moça
que adoça o chá
lhe faz
branca mortalha
do pano de linho
em seu regaço
e o deita na foz
estreita do riacho.
28 de dez. de 2012
24 de dez. de 2012
felicidade
ainda que depressa
por mais que não possa
passeie por mim
'felicidoce'
mesmo que passe
permeça assim [açúcar]
:
suave saudade
valéria tarelho
Paz e amor a todos da família "curta-metragem" e aos que passeiam por aqui.
Beijos,
Val
21 de dez. de 2012
PRESA
Uma gaiola vazia são grades,
com a ave, saudades
do voo rasante e preciso
ao encontrar o amor
e perder os sentidos.
18 de dez. de 2012
Verões
Isso
da alegria passa
sem
deixar
pegada
alguma
E o grande amor
da vida
é a pele exposta ao sol:
Doura
embeleza
descasca
e cai
Neusa Doretto
13 de dez. de 2012
12 de dez. de 2012
Visita
Amanheço
Medindo o chão das minhas ilusões:
Porto onde vivo
Eu a convido para hoje
Para amanhã
Ou
Para um dia
Enrolada em sonhos
Eu sirvo poesia
Neusa Doretto
Neusa Doretto
7 de dez. de 2012
NAMORANDO
o avesso do
verso
não se
escreve,
se namora
até sair
leite,
ficar sexy
e jogar fora
todo o por
demais,
os
pormenores
fatídicos e
fatais
à relação
que avança
proporcionalmente
inversa
a qualquer
sentido
5 de dez. de 2012
Nosso
Preciso ser comida pelos seus olhos.
Digerida pelo seu coração. Preciso alimentar o tronco. Matar a fome em qualquer lugar de seu.
Digerida pelo seu coração. Preciso alimentar o tronco. Matar a fome em qualquer lugar de seu.
Onde eu caiba, encaixe e você goste. Pode ser pela poesia. Ou
pela conversa. Até por uma boa lembrança. Contando que você goste.
E lembre muitas vezes. Mas tantas vezes que fique confusa, nem sabendo o que sou em você.
E lembre muitas vezes. Mas tantas vezes que fique confusa, nem sabendo o que sou em você.
30 de nov. de 2012
EOS
No emaranhado da crina do corcel,
Ficou um rastro de vento.
Esvoaçando o vestido da noiva,
Brinca levado o vento.
Destelha, parte, derruba,
Agita, levanta, tremula,
Varre, empurra, tudo muda de curso.
Velas inchadas, barcos velozes,
Guarda-sol rolando na areia.
Se abro os olhos vejo vindo a tempestade
E me pergunto se sou eu quem a semeia.
28 de nov. de 2012
A fila anda
Falta a voz
o abraço e alma ancorada.
Falta o brilho nos meus olhos que a vendo viam mais
e viam além.
Mas vivo sem.
24 de nov. de 2012
23 de nov. de 2012
ARCO-ÍRIS
Para o sono, o calor e as fomes
Existem fáceis preto, branco
E alguns minutos de cinza.
Para o medo, o amor e as dores
Existem cores tão difíceis
Que nem Freud explica.
21 de nov. de 2012
Assim
Agora você volta
me alicia
Escolta
um amor
se delicia
num beijo
Foi esmola
Meu bem
Agradeça
e
me beije também
Neusa Doretto
19 de nov. de 2012
flor-de-alice
16 de nov. de 2012
EIS
À luz vê-se bem
Que ter não é ser.
Mas ser é sempre
Uma questão quase
Nunca esclarecida
Mesmo quando feita
A pergunta
Pois, se tu estás pronta
Para ouvir, a vida
Demora em responder.
Que ter não é ser.
Mas ser é sempre
Uma questão quase
Nunca esclarecida
Mesmo quando feita
A pergunta
Pois, se tu estás pronta
Para ouvir, a vida
Demora em responder.
14 de nov. de 2012
efeito
Eu poderia ser rude
desfiar lesões e mágoas
afogamentos sem tábuas
de salvação
Eu poderia listar os enganos
sob os panos quentes
que esfriaram a paixão
Mas não
Fiquei imune
endurecida
como essas plantas de chão
Neusa Doretto
12 de nov. de 2012
utopia
onde a poesia impera
violência é fictícia
bala é doce
polícia e ladrão
não passam de mera
diversão:
brincadeira
de criança
valéria tarelho
* imagem via flickr de Rafael Romero
9 de nov. de 2012
SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO
Ninguém aguenta
a ver correndo
de um lado e outro
um caminho curto,
mas borrifado
com entorpecente
que faz a barata tonta
de pata lambuzada
com crème brûlée
fora da geladeira,
em dia quente
e, até então, amargo
sonhar em ser
exímia patinadora.
7 de nov. de 2012
Eu, você e o gato
Sinto muito,mas cansei. É um não aguentar todo dia de pensar que você existe em algum lugar do mundo e ainda não veio pra mim. Fica dando volta por aí, de coração em coração,de abraço em abraço; enquanto que eu, aqui, escassa e pequena, cresço na conta da solidão.Sinto muito, mas cansei, nem eu pago a minha conta . Agora sou cheque sem fundo e levarei à falência qualquer ilusão. Sinto tanto ficar por aqui, no plano da realidade,com meus pés entre os pés da cadeira e já não ter o sonho. Meu Deus, me salva dessa mesmice, me estufa de alegria , me solta na mão de uma criança ou no miado de um gato; desse que mora pelos telhados, preso a nada, com mais seis vidas no bucho ainda.Que não dou conta dessa .Sem pulo nenhum.
5 de nov. de 2012
solução
bom gosto: vinho
de antiga safra
bom susto: suco
de água com açúcar
bom mesmo
é [en]tornar líquida
a vida árida
que nos liquida
valéria tarelho
"A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos.
E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima
Olho d’água, bebida. A vida é líquida."
[trecho de Alcoólicas - Hilda Hilst]
2 de nov. de 2012
PETIT ENSEMBLE
Camisa de força –
Moda para poucos.
LOUCURA
É pagar 10 mil numa bolsa
E crer que algo mudou.
|
Feijão com arroz –
Cardápio do dia, todo
dia.
ROTINA
É para ser só hoje,
2 de novembro.
|
31 de out. de 2012
(sutil )
O amor tem passado paralelo
suave e indolor
Um amigo solidário
nem frisson, nem torpor
Assim como quem nada fosse
nem
tivesse sido
pele que arrepia ou abranda
ele vai junto
como um coração que senta ou anda
sem tocar no assunto...
30 de out. de 2012
SÁBADO 03 DE NOVEMBRO
AS 19:30 HS NA CASA DAS ROSAS
TEM SARAU A PLENOS PULMÕES
AS 19:30 HS NA CASA DAS ROSAS
TEM SARAU A PLENOS PULMÕES
Lançamento do Livro da poeta Flá Perez , "POESIA SE ESCREVE COM T"
ENTRADA FRANCA MICROFONE E PALCO ABERTO
Av. Paulista , 37 Casa das rosas
Apresentação : Marco Pezao, Carlos Galdino e Jaime Matos
ENTRADA FRANCA MICROFONE E PALCO ABERTO
Av. Paulista , 37 Casa das rosas
Apresentação : Marco Pezao, Carlos Galdino e Jaime Matos
25 de out. de 2012
24 de out. de 2012
Bens
Tenho o tempo ( a vida)
Tenho a teta ( a comida )
Tenho a tenda ( a guarida )
Tenho o tu do coração ( a ilusão )
Neusa Doretto
17 de out. de 2012
corpo e alma
O teu meio em mim
é pérola, sumo que engulo e contemplo.
A
língua quente entre as tuas pernas não é sede, não é fome
é músculo que lambe e entra
ou
um amor que te experimenta
experiment
experimen
experime
experim
experi
exper
expe
exp
ex
e
.
.
.
.
12 de out. de 2012
PRESENTE DO DIA
Em frente à vitrina
Gritavam: “Eu quero!”
E a voz de cima
Respondia: “É caro!”
Com as mãos cheias
Diziam: “Não temos!”
E a carteira vazia
Concordava: “Não mesmo”.
No cinema em casa
Pediram: “Pipoca!”
“Isso sim!”, salgada
E doce em balde colorido.
Jogaram na sala
Bola, taco, mico
E o presente do dia:
Pai e mãe na roda.
10 de out. de 2012
" Mulher Amada "
Tu és a fruta boa
lisa e rosada
A mulher madura
ousada baba de moça
mais doce que o leite
mais quente que o diabo
sem juízo se deita
ao meu lado.....
Neusa Doretto
5 de out. de 2012
JABUTICABEIRA
Pede que eu dou
sombra e jabuticaba
Que explode na boca
Doce e som.
Explore o espaço
Coberto pela roupa
Dando bandeira.
E de bandeja
Darei sopa
Que salva
Com beijo e abraço,
Com eira e beira
E gosto bom.
Para Fernando Col - 15 anos
3 de out. de 2012
26 de set. de 2012
vampira
Mais iluminado que teu fantasma, é me trair; te ensanguentar em mim.
Assim renasço.
Quero doces cobaias para a minha luz.
Neusa Doretto
13 de set. de 2012
10 de set. de 2012
arte íntima
7 de set. de 2012
INDEPENDÊNCIA E MORTE
Túmulo de D. Pedro I
Autocrítica autolimpante,
Autoajuda self-service,
Autarquia, xampu tonalizante,
Folhas perenes, partenogênese:
A independência é restrita
A estados, processos e sistemas,
A morte independe.
Autocrítica autolimpante,
Autoajuda self-service,
Autarquia, xampu tonalizante,
Folhas perenes, partenogênese:
A independência é restrita
A estados, processos e sistemas,
A morte independe.
5 de set. de 2012
Sentimentos
Outro dia
Abriu a janela:
A novidade
era uma água quente
lavando por dentro
o centro
da alma
da mulher salva
da rotina
NDoretto
Abriu a janela:
A novidade
era uma água quente
lavando por dentro
o centro
da alma
da mulher salva
da rotina
NDoretto
31 de ago. de 2012
(IN)CÔMODOS
Sem prumo, a obra saiu torta,
Com ângulos escalenos agudos, porém surpreendente ergonomia.
Já que não os consegue apagar,
A dona da casa acomoda os erros
E Gaudí com gáudio exclamaria,
“Os trencadis darão cor à forma!”
Usemos então as peças quebradas,
As lascas do coração para compor
Nova superfície boa de ser vivida.
Apreciemos tudo o que destoa,
e nos chama atenção indevida,
Senão o que é para ser garoa
Água em insopitável ferida.
30 de ago. de 2012
29 de ago. de 2012
21 de ago. de 2012
Iniciática
Esgarça
a gaze branca que me cobre.
Na meia-taça
derrama qualquer bebida,
mesmo a menos nobre.
Tinge de chamas, aguardentes,
se embriaga em auréolas rosadas
- de anjo elas não têm nada -
Asas caídas, no meu céu ungido:
Segue esse líquido até perto do umbigo.
Percorre um Zênite, a anca
junção do Elísio e Inferno,
e dorso-ventral
e inversamente
desemboca sua boca na nascente.
Absorve o seu Karma
meu gozo e presente:
Absolvo sua alma,
conservo seu corpo,
éter e semente...
a gaze branca que me cobre.
Na meia-taça
derrama qualquer bebida,
mesmo a menos nobre.
Tinge de chamas, aguardentes,
se embriaga em auréolas rosadas
- de anjo elas não têm nada -
Asas caídas, no meu céu ungido:
Segue esse líquido até perto do umbigo.
Percorre um Zênite, a anca
junção do Elísio e Inferno,
e dorso-ventral
e inversamente
desemboca sua boca na nascente.
Absorve o seu Karma
meu gozo e presente:
Absolvo sua alma,
conservo seu corpo,
éter e semente...
15 de ago. de 2012
A delicada valentia para viver
Tão vasto é o destino
E incerta a esquina
Qual vida trôpega, euforia e dor .
Sentirei. Isso importa. Um forte amor.
Despudorado quando nada mais resta.
A mesma sorte que salva
se perde no meio da festa.
Neusa Doretto
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